Comprovou-se que as pessoas com nível educacional
mais alto
ou que mantêm uma certa atividade
intelectual têm menor predisposição
a
desenvolver demência
Diabetes e obesidade afetam o metabolismo
da glicose e geram
resistência à insulina
A limitação das calorias que consumimos
podem ajudar a
atrasar o envelhecimento
O cérebro é um órgão que, igual ao resto
de nosso corpo,
envelhece com o passar dos anos
Publicado originalmente no site da BBC, e 01 de setembro de 2020
Como evitar que o cérebro envelheça rápido demais?
Por Inés Moreno González*
O cérebro é um órgão que, como o resto de nosso corpo,
envelhece com o passar dos anos. Se todos queremos ser mais jovens, não é
apenas porque não gostamos de rugas, mas também para evitar as inúmeras doenças
relacionadas com o envelhecimento.
Estimativas apontam que no ano de 2050 quase 25% da
população europeia terá mais de 65 anos, e o número de pessoas com mais de 80
anos vai triplicar até lá. Mas existe alguma "fonte da juventude"
para o nosso cérebro? Ainda que possivelmente nada possa fazer o tempo voltar
atrás, podemos tentar envelhecer de maneira saudável e reduzir o efeito do
passar dos anos.
O que é envelhecimento?
O envelhecimento poderia ser definido como o conjunto de
mudanças que ocorrem com a idade e provocam uma diminuição de nossas
capacidades fisiológicas, motoras e cognitivas.
De um lado, é um processo gradual e inevitável e ocorre ao
longo de nossas vidas. De outro, é desencadeado pelo acometimento por certas
doenças ou abuso de substâncias, e pode ser prevenido.
A idade cronológica, que consta na certidão de nascimento,
indica o tempo que transcorreu desde o nascimento. No entanto, existe também a
idade fisiológica, que depende das condições de nosso organismo e pode ser
menor do que a cronológica (se nos cuidamos) ou maior (se tivermos maus
hábitos).
O envelhecimento do cérebro
Com a idade, o tamanho do cérebro diminui, perdemos
neurônios e a produção de hormônios e neurotransmissores se altera. No entanto,
a mudança mais importante é a perda de muitas conexões entre os neurônios,
células de vida longa que não se dividem e, portanto, dificilmente se
regeneram.
Outra consequência do envelhecimento cerebral é o acúmulo de
proteínas na forma agregada que tendem a se depositar tanto dentro quanto fora
dos neurônios. Isso pode desencadear o desenvolvimento de doenças
neurodegenerativas relacionadas à idade, com o Alzheimer ou o Parkinson.
É importante deixar claro que o que é comumente chamado de
demência senil é um termo ultrapassado. O envelhecimento não implica
necessariamente demência ou perda significativa de memória. Se houver perda
significativa de memória e capacidade de aprendizagem, elas estariam
relacionadas a uma doença específica, e não ao envelhecimento normal do
cérebro.
Medidas para frear o envelhecimento
A alimentação é essencial para envelhecer de forma saudável.
Em geral, a mais recomendada é a mediterrânea, que implica em baixo consumo de
carne vermelha, um consumo médio de laticínios, uma quantidade moderada de
álcool (vinho) e gordura (azeite de oliva), e uma alta ingestão de verduras,
legumes, frutas, cereais e peixes.
Foi comprovado que a dieta mediterrânea está associada à
redução do risco de perda cognitiva e doenças como o Alzheimer. Além disso, a
restrição da quantidade de calorias que ingerimos pode ajudar a retardar o
envelhecimento.
Além de cuidar do que comemos, é recomendável dormir 8 horas
por dia. A manutenção de um bom ciclo de vigília-sonho é essencial para muitas
funções cerebrais, a exemplo da eliminação de toxinas do cérebro que se
acumulam durante o dia.
Enquanto dormimos, o espaço que existe entre os neurônios
aumenta, facilitando sua limpeza e seu bom funcionamento. Dessa forma, manter
um sono reparador favorece um envelhecimento mais saudável.
Praticar exercícios físicos com regularidade também é
importante para diminuir os efeitos do envelhecimento. Estudos clínicos indicam
que a atividade física com intensidade moderada tem um papel neuroprotetor,
desacelerando a diminuição do volume cerebral e melhorando suas funções.
Mais especificamente, o exercício aeróbico melhora a função
cognitiva, não apenas durante o envelhecimento mas também em pessoas que sofrem
de doenças neurodegenerativas.
Por outro lado, foi comprovado também que as pessoas com
nível educacional mais alto ou que mantêm uma certa atividade intelectual, como
ler, estudar ou adquirir novas habilidades, têm uma menor predisposição a
desenvolver demência. A base desta neuroproteção está associada a uma formação
de novas conexões entre os neurônios.
Outros hábitos saudáveis também podem nos ajudar os efeitos
do envelhecimento prematuro.
Não é preciso ir muito longe. Se um consumo elevado de
álcool eleva o risco de falhas cognitivas, o consumo moderado de algumas
bebidas alcoólicas pode ser benéfico para manter uma boa saúde mental. O vinho,
por exemplo, é rico em polifenóis, que possuem ação anti-inflamatória e
antioxidante.
Já o tabaco é um hábito a ser evitado, já que está associado
com a aceleração do envelhecimento e o aparecimento de problemas cognitivos e
demência.
Também não podemos nos esquecer dos fatores de risco ligados
a doenças crônicas bastante comuns em idosos. A manutenção da atividade e da
integridade do cérebro depende, em grande medida, dos vasos sanguíneos que
mantêm uma boa irrigação. Hipertensão, aterosclerose e níveis elevados de
colesterol aumentam as chances de desenvolver falhas cognitivas, derrame e
demência.
Além disso, diabetes e obesidade afetam o metabolismo da
glicose e geram resistência à insulina. Ambas as alterações podem causar danos
crônicos aos neurônios e acelerar o envelhecimento do cérebro.
Os distúrbios do humor também não ajudam. A depressão é um
distúrbio emocional muito comum em pessoas mais velhas e é causada por um
desequilíbrio nos neurotransmissores, que são as moléculas que os neurônios
usam para se comunicar. Isso pode se traduzir em mau funcionamento do cérebro a
longo prazo, acelerando o envelhecimento do cérebro.
Resumindo, a chave para manter um cérebro jovem e saudável é
a mesma que para o resto do corpo. Ou seja, você tem que manter uma alimentação
saudável, dormir o suficiente, evitar o consumo excessivo de álcool, evitar o
fumo e o estresse, praticar exercícios físicos moderadamente e evitar o
desenvolvimento de outras doenças ou, pelo menos, mantê-las sob controle.
Texto e imagens reproduzidos do site: bbc.com
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