sexta-feira, 6 de agosto de 2021

11 benefícios da caminhada para o corpo e a mente

11 benefícios da caminhada para o corpo e a mente

Por Pró-Vida 

Você conhece algum exercício mais fácil de praticar do que a caminhada? Ela não exige habilidade, é barata, pode ser feito praticamente a qualquer hora do dia, não tem restrição de idade e ainda pode ser feita dentro de casa se a pessoa tiver uma esteira. "Para uma pessoa que não pratica nenhum tipo de esporte, uma caminhada de 10 minutos por dia já provoca efeitos perceptíveis ao corpo, depois de apenas uma semana, explica o fisiologista do esporte Paulo Correia, da Unifesp. Além da melhora do condicionamento físico, as vantagens de caminhar para a saúde do corpo e da mente são muitas, e comprovadas pela ciência. Confira aqui alguns dos benefícios que essa prática pode trazer para sua vida e movimente-se:

1.Melhora a circulação

 Um estudo feito pela USP, de Ribeirão Preto, provou que caminhar durante aproximadamente 40 minutos é capaz de reduzir a pressão arterial durante 24 horas após o término do exercício. Isso acontece porque durante a prática do exercício, o fluxo de sangue aumenta, levando os vasos sanguíneos a se expandirem, diminuindo a pressão.

Além disso, a caminhada faz com que a as válvulas do coração trabalhem mais, melhorando a circulação de hemoglobina a e oxigenação do corpo. "Com o maior bombeamento de sangue para o pulmão, o sangue fica mais rico em oxigênio. Somado a isso, a caminhada também faz as artérias, veias e vasos capilares se dilatarem, tornando o transporte de oxigênio mais eficiente às partes periféricas do organismo, como braços e pernas", explica o fisiologista Paulo Correia.

2.Deixa o pulmão mais eficiente

O pulmão também é bastante beneficiado quando caminhamos. De acordo com Paulo Correia, as trocas gasosas que ocorrem nesse órgão passam a ser mais poderosas quando caminhamos com frequência. Isso faz com que uma quantidade maior de impurezas saia do pulmão, deixando-o mais livre de catarros e poeiras.

“A prática da caminhada, se aconselhada por um médico, pode ajudar também a dilatar os brônquios e prevenir algumas inflamações nas vias aéreas, como bronquite. Em alguns casos mais simples, ela tem o mesmo efeito de um xarope bronco dilatador", explica.

3. Combate a osteoporose

O impacto dos pés com o chão tem efeito benéfico aos ossos. A compressão dos ossos da perna, e a movimentação de todo o esqueleto durante uma caminhada faz com que haja uma maior quantidade estímulos elétricos em nossos ossos, chamados de piezelétrico. Esse estímulo facilita a absorção de cálcio, deixando os ossos mais resistentes e menos propensos a sofrerem com a osteoporose.

"Na fase inicial da perda de massa óssea, a caminhada é uma boa maneira de fortalecer os ossos. Mesmo assim, quando o quadro já é de osteoporose, andar frequentemente pode diminuir o avanço da doença", diz o fisiologista da Unifesp.

4. Afasta a depressão

Durante a caminhada, nosso corpo libera uma quantidade maior de endorfina, hormônio produzido pela hipófise, responsável pela sensação de alegria e relaxamento. Quando uma pessoa começa a praticar exercícios, ela automaticamente produz endorfina.

Depois de um tempo, é preciso praticar ainda mais exercícios para sentir o efeito benéfico do hormônio. "Começar a caminhar é o inicio de um círculo vicioso. Quando mais você caminha, mais endorfina seu organismo produz, o que te dá mais ânimo. Esse relaxamento também faz com que você esteja preparado para passar cada vez mais tempo caminhando", explica Paulo Correia.

5. Aumenta a sensação de bem-estar

Uma breve caminhada em áreas verdes, como parques e jardins, pode melhorar significativamente a saúde mental, trazendo benefícios para o humor e a autoestima, de acordo com um estudo feito pela Universidade de Essex, no Reino Unido.

Comparando dados de 1,2 mil pessoas de diferentes idades, gêneros e status de saúde mental, os pesquisadores descobriram que aqueles que se envolviam em caminhadas ao ar livre e também, ciclismo, jardinagem, pesca, canoagem, equitação e agricultura, apresentavam efeitos positivos em relação ao humor e à autoestima, mesmo que essas atividades fossem praticadas por apenas alguns minutos diários.

6. Deixa o cérebro mais saudável

Caminhar diariamente é um ótimo exercício para deixar o corpo em forma, melhorar a saúde e retardar o envelhecimento. Entretanto, um novo estudo da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, mostra que esse efeito antienvelhecimento do exercício pode ser possível também em relação ao cérebro, ao aumentar seus circuitos e reduzir os riscos de problemas de memória e de atenção. "Os estímulos que recebemos quando caminhamos aumento a nossa coordenação e fazem com que nosso cérebro seja capaz de responder a cada vez mais estímulos, sejam eles visuais, táteis, sonoros e olfativos", comenta Paulo Correia.

Outro estudo feito pela Universidade de Pittsburgh, afirma que as pessoas que caminham em média 10 quilômetros por semana apresentam metade dos riscos de ter uma diminuição no volume cerebral. Isso pode ser um fator decisivo na prevenção de vários tipos de demência, inclusive a doença de Alzheimer, que mata lentamente as células cerebrais.

7. Diminui a sonolência

A caminhada durante o dia faz com que o nosso corpo tenha um pico na produção de substâncias estimulantes, como a adrenalina. Essa substância deixa o corpo mais disposto durante as horas subsequentes ao exercício. Somado a isso, a caminhada melhora a qualidade do sono de noite.

"Como o corpo inteiro passa a gastar energia durante uma caminhada, o nosso organismo adormece mais rapidamente no final do dia. Por isso, poucas pessoas que caminham frequentemente têm insônia e, consequentemente, não tem sonolência no dia seguinte", completa o especialista da Unifesp.

8. Mantém o peso em equilíbrio e emagrece

Esse talvez seja o benefício mais famoso da caminhada. "É claro que caminhar emagrece. Se você está acostumado a gastar uma determinada quantidade de energia e começa a caminhar, o seu corpo passa a ter uma maior demanda calórica que causa uma queima de gorduras localizadas", afirma Paulo Correia.

E o papel da caminhada na perda de peso não para por aí. Pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, mostrou que, mesmo horas depois do exercício, a pessoa continua a emagrecer devido à aceleração do metabolismo causada pelo aumento na circulação, respiração e atividade muscular.

A conclusão foi de que os músculos dos atletas convertem constantemente mais energia em calor do que os de indivíduos sedentários. Isso ocorre porque quem faz um treinamento intensivo de resistência, como é o caso da caminhada, tem um metabolismo mais acelerado.

9. Controla a vontade de comer

Um estudo recente feito por pesquisadores da Universidade de Exeter, na Inglaterra, sugere que fazer caminhadas pode conter o vício pelo chocolate. Durante o estudo, foram avaliadas 25 pessoas que consumiam uma quantidade de pelo menos 100 gramas por dia de chocolate. Os chocólatras tiveram que renunciar ao consumo do doce e foram divididos em dois grupos, sendo que um deles faria uma caminhada diária.

Os pesquisadores perceberam que não comer o chocolate, juntamente com o estresse provocado pelo dia a dia, aumentava a vontade de consumir o doce. Mas, uma caminhada de 15 minutos em uma esteira proporciona uma redução significativa da vontade pela guloseima.

"Além de ocupar o tempo com outra coisa que não seja a comida, a caminhada libera hormônios, como a endorfina, que relaxam e combatem o estresse, efeito que muitas pessoas buscam compulsivamente na comida", afirma Paulo Correia.

10. Protege contra derrames e infartos

Quem anda mantém a saúde protegida das doenças cardiovasculares. Por ajudar a controlar a pressão sanguínea, caminhar é um fator de proteção contra derrames e infarto. "Os vasos ficam mais elásticos e mais propícios a se dilatarem quando há alguma obstrução. Isso impede que as artérias parem de transportar sangue ou entupam", diz Paulo.

A caminhada também regula os níveis de colesterol no corpo. Ela age tanto na diminuição na produção de gorduras ruins ao organismo, que têm mais facilidade de se acumular nas paredes dos vasos sanguíneos e por isso causar derrames e infartos, como no aumento na produção de HDL, mais conhecido como colesterol bom.

11. Diabetes

A insulina, substância que é responsável pela absorção de glicose pelas células do corpo, é produzida em maior quantidade durante a prática da caminhada, já que a atividade do pâncreas e do fígado são estimuladas durante a caminhada devido à maior circulação de sangue em todos os órgãos.

Outro ponto importante é que o treinamento aeróbico intenso produzido pela caminhada é capaz de reverter a resistência à insulina, um fator importante para o desenvolvimento de diabetes. Assim fica comprovado que os exercícios têm ainda mais benefícios contra o mal do que se pensava anteriormente.

"Quanto maior a quantidade de insulina no sangue, maior a capacidade das células absorverem a glicose. Quando esse açúcar está circulando livremente no sangue, pode causar diabetes", explica o fisiologista da Unifesp.

Texo reproduzido do site: minhavida.com.br

terça-feira, 13 de abril de 2021

'Caminhar pela vida e pela saúde', por Raimundo Sotero

Legenda da foto: Imagem reproduzida do site saudesporte e postada pelo blog para ilustrar o presente artigo.

Texto publicado originalmente no Portal INFONET, em 13 de abril de 2021

Caminhar pela vida e pela saúde
Por Raimundo Sotero (blog Infonet)

Milhares de pessoas estão aderindo a uma onda que invadiu o país com a rapidez que apenas as simples, óbvias e grandes verdades possuem. Andar faz bem!!!!

Parece um ovo de Colombo, interessante pois caminhar, é simplesmente colocar um pé após o outro, e nada mais, no entanto tem sido uma descoberta interessante está sendo utilizada como uma das mais universais formas de se manter a saúde. Afinal, é um exercício que o ser humano faz há milhares de anos, desde que ficou de pé. Nada mais natural.

A moda de caminhar demonstra que um dos mais resistentes chavões da cultura ocidental está finalmente perdendo o fôlego: a ideia de que só é possível obter saúde através do sofrimento. Essa ideia dominou durante muito tempo a maneira como encaramos a atividade física, segundo a qual a medida do benefício é a quantidade de suor. Na verdade, isso é coerente com o maluco estilo de vida das grandes cidades, onde nosso paladar só gosta de alimentos pouco nutritivos e nossa cabeça só fica bem em noitadas pouco sadias. Ao exercício físico, sobra a desagradável tarefa de consertar o estrago e expirar os “pecados”. Assim, quanto maior o sacrifício, menor a culpa…

Andar é o meio mais simples de melhorar a saúde. Pelo menos é essa a opinião da maioria de quatro mil médicos de vinte países pesquisados sobre o assunto. De fato, nossos sistemas circulatórios, muscular, digestivo e respiratório agradeceriam sinceramente se caminhássemos uma boa distância, todos os dias. De quebra, combateríamos os excessos de gordura, sem excesso de sofrimento. Antes, pelo contrário, andar é agradável, especialmente em lugares verdes, ao ar livre.

O sistema cardiovascular é, talvez, o mais beneficiado pela prática de caminhar. Previne a hipertensão, pois o exercício relaxa os músculos que comprimem os vasos sanguíneos, além de combater o stress emocional, causa frequente da hipertensão. O coração fica mais resistente, as artérias mais flexíveis e assim, toda a circulação é estimulada e os riscos de enfarte minimizados. Além disso, o caminhante sistemático tende a diminuir sua taxa de colesterol, outro fantasma da civilização moderna. Para muitos distúrbios circulatórios dos membros inferiores, a caminhada funciona melhor que qualquer remédio.

Andar é também a melhor maneira de digerir os alimentos, pois atua a favor da força da gravidade e auxilia o estômago na movimentação do bolo alimentar. A musculatura é fortalecida e a respiração exercitada, aumentando a capacidade pulmonar.

É verdade que os outros exercícios aeróbicos (aqueles que ,assim como a caminhada , permitem uma troca equilibrada de oxigênio enquanto se pratica) trazem esses mesmos benefícios. São até mais rápidos nos resultados. Porém, como na fábula do coelho e a tartaruga, no fim das contas andar acaba levando vantagem. Na corrida contra a gordura, por exemplo, está provado que os primeiros trinta minutos de exercícios aeróbicos são realizados à custa da queima de carboidratos, substâncias presentes nos açúcares e acumuladas no fígado. Só depois de queimar os carboidratos é que o corpo vai buscar nas gorduras a lenha para a musculatura funcionar. Isso varia pouco de um exercício para o outro, e andar por uma hora , convenhamos , é bem mais fácil do que correr ou pedalar continuamente por esse período.

Esse é um dos motivos pelo qual milhares trocam-na pela caminhada. O outro é a crítica que a corrida leve tem sofrido nos últimos anos, dando conta de que ela não é tão inofensiva assim. Cardíacos jamais deveriam fazê-la sem rigoroso acompanhamento médico. Além disso, os pequenos mas contínuos choques dos pés com o solo podem causar problemas musculares ou mesmo fraturas ósseas.

Já a caminhada apenas é contra- indicada nos casos em que o médico recomenda repouso por qualquer motivo, mas nessa situação nenhum exercício cabe mesmo. Outro aspecto importante é que a caminhada para ter seus bons efeitos precisa ser levada a sério. Não adianta somar três ou quatro “andadinhas” e contabilizar no fim do dia. Tem de ser um exercício de preferência diário de segunda a segunda, com um passo firme e contínuo, além de um ritmo nem muito lento, nem muito acelerado.

É um hábito que pegou e seria muito razoável que se estendesse a outras capacidades humanas, esquecidas no tempo. Se o homem moderno redescobriu como é bom andar, nada impede que reaprenda a comer, respirar, ouvir, amar… Ou será que ainda sabemos fazer essas coisas?

Uma Boa e Saudável Semana.

Texto reproduzido do site: infonet.com.br

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Do que realmente é feito o corpo humano?



Publicado originalmente no site da BBC, em setembro de 2020

Do que realmente é feito o corpo humano?

Por Brian Clegg (BBC Science Focus)

No meu novo livro, O que você pensa que é?, eu analiso uma ampla gama de influências sobre o tipo de pessoa que faz você ser quem é.

Eu analiso o processo evolutivo que nos moldou como humanos e também nosso subconsciente, personalidade e genética.

Mas um aspecto fundamental são os átomos que constituem o nosso corpo.

Basicamente, somos feitos de apenas quatro tipos de partículas que existiram durante a maior parte do tempo na história do universo.

Pode ser que isso seja um pouco reducionista. Você poderia argumentar que se considera muito mais do que apenas uma coleção de partículas.

No entanto, não se pode negar que elas existem e que formam a matéria que constitui as pessoas.

Blocos de construção de tudo

Você provavelmente estudou essas partículas nas aulas de ciências no colégio.

A mais familiar é o elétron. Assim como as outras três, é uma partícula "elementar", o que significa que não é feita de nada menor.

O fluxo de elétrons cria correntes elétricas. O número e a distribuição dos elétrons ao redor do átomo determinam como eles se comportam quimicamente.

Os elétrons são pequenos — cerca de um milhão de trilhões de trilhões deles pesam um quilograma.

Sabemos da existência deles desde o final dos anos 1890. Mas os nomes de outras partículas que te compõem, como quarks e glúons, só entraram no vocabulário nos anos 1960.

Você pode se perguntar o que dizer dos nêutrons e prótons. São as outras partículas que formam o núcleo central do átomo — mas essas têm subcomponentes.

Cada próton é feito de dois quarks positivos e dois negativos, suportados por um fluxo de glúons.

Cada nêutron contém um quark positivo e um negativo, também ligados aos glúons.

Por um lado, deve-se notar que existe um componente muito importante que fica de fora da análise: nada.

De longe, o maior constituinte de você é o nada, o vazio. Não estou fazendo um ataque niilista às profundezas da alma, mas, sim, uma avaliação realista da sua composição.

Vamos dar um zoom no átomo mais simples do seu corpo, o átomo de hidrogênio. Se pudéssemos visualizar o que ocorre na escala submicroscópica, em algum lugar no centro desse átomo haveria um próton feito de quarks e glúons.

Em torno dele estaria o elétron. E no meio, grandes quantidades de nada. O átomo de hidrogênio é 99,99999999999996% de espaço vazio.

Uma maneira de ver isso é imaginar que um átomo tem o tamanho da Terra. O núcleo teria apenas 200 metros de diâmetro — o resto seria todo espaço vazio.

Seus componentes químicos

Por enquanto, analisamos tudo do ponto de vista de um físico. Para muitos, a forma mais familiar de analisar os componentes básicos do corpo é por meio dos elementos químicos.

Isso aumenta o número de blocos de construção para mais de quatro partículas, mas considerando que o número de átomos em um corpo de 70 kgs é de 7 mil quatrilhões (ou seja, um 7 seguido de 27 zeros), é até razoavelmente simples estabelecer que 99,95% do seu peso corporal é composto de apenas sete elementos.

Você deve ter ouvido que a maior parte do nosso corpo é água. Pode parecer improvável, dado que nossos corpos são sólidos, mas a maior parte deles é feita, de fato, de células cheias de água.

Isso não significa que você vai escorrer pelo ralo. Mas cerca de 60% do seu corpo é água, até mesmo seus ossos são cerca de 30% de água.

Sabendo que a água é composta de hidrogênio e oxigênio (H2O), parece claro apontar que os elementos mais presentes no corpo são hidrogênio e oxigênio.

Mas também existe muito do mais versátil dos átomos, o carbono. Toda a vida que conhecemos incorpora água e é baseada em estruturas de carbono.

Como os átomos de carbono pesam 12 vezes mais que os átomos de hidrogênio, o carbono ocupa o segundo lugar em peso, atrás do oxigênio.

A coisa fica assim: temos 65% de oxigênio, 18% de carbono e 10,2% de hidrogênio.

Se adicionarmos uma pequena quantidade de nitrogênio (3,1%), uma pitada de cálcio para os ossos (1,6%), 1,2% de fósforo, 0,25% de potássio e enxofre e percentuais menores de sódio, magnésio e cloro, já atingimos 99,95%.

Quanto vale o seu corpo?

Uma maneira de avaliar o que você tem dentro do corpo é olhando o valor dos elementos de seu corpo no mercado.

Não é um cálculo simples, mas uma aproximação seria US$ 160.

Essas estimativas variam muito. Para entender por que, você deve considerar o oxigênio e o hidrogênio.

A estimativa anterior usava um custo por quilograma de US$ 0,20 para ambos os itens.

Mas a água custa menos que isso: minha última conta de água custou US$ 0,17 por quilo, o que não é muito barato.

No total, de acordo com esta estimativa, o hidrogênio e o oxigênio em seu corpo valem cerca de US$ 11,40, mas isso fica muito abaixo do custo das 160 gramas de potássio, que valem cerca de US$ 104.

Novamente, se tentarmos comprar uma quantidade equivalente de potássio, obteremos valores mistos.

Por potássio com qualidade para laboratório, por exemplo, você teria que pagar cerca de US$ 500. Uma banana contém cerca de 0,4 gramas de potássio. Portanto, 400 bananas nos dariam 160 gramas. Pelo menos na Inglaterra, isso custaria cerca de US$ 68.

É óbvio que nunca encontraremos o valor exato. Outros estimam que o valor químico do corpo pode variar de US$ 1 mil a US$ 2 mil.

Em grande escala, o hidrogênio dominaria, porque está custando US$ 100 o quilo, baseado no preço de combustível de carro.

A história da vida do átomo

Cada átomo em você veio de algum lugar. Os átomos em seu corpo estão constantemente sendo substituídos em taxas diferentes.

Alguns ficam por horas, outros por anos. Mas depois de 10 anos, a maioria deles já foi substituída.

E só existem duas maneiras de entrarem em seu corpo: através do ar que você respira e dos alimentos e bebidas que você consome.

Os átomos que chegaram ao seu corpo vêm do ar, das plantas, dos animais e dos minerais.

Se pudéssemos seguir a trajetória de um átomo ao longo da história, ele teria sido incorporado muitas vezes em outros animais e plantas. Existem tantos átomos em seu corpo que certamente alguns deles devem ter passado pelo corpo de alguma celebridade histórica que você conheça.de sua escolha.

Lembre-se de que você tem 100 mil vezes mais átomos do que o número total de humanos que já existiram.

Na verdade, seus átomos estiveram em todos os tipos de vida, de árvores a gramados, cães e insetos. Os mesmos átomos estiveram em dinossauros — e muitos outros em bactérias.

Com exceção de alguns átomos produzidos por desintegração radioativa, cada átomo em seu corpo existia quando a Terra se formou, há 4,5 bilhões de anos.

Mas se seus átomos já existiam quando a Terra foi formada, de onde você veio?

O Sistema Solar foi formado a partir de gás e poeira cósmica, que, por sua vez, só poderia ter duas fontes. A primeira delas é o Big Bang de cerca de 13,8 bilhões de anos atrás, responsável pela produção de hidrogênio.

O restante dos átomos foi produzido em estrelas, que explodiram em vastas convulsões cósmicas conhecidas como supernovas.

Texto e imagem reproduzidos do site: bbc.com

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Como evitar que o cérebro envelheça rápido demais?

Comprovou-se que as pessoas com nível educacional
 mais alto ou que mantêm uma certa atividade
 intelectual têm menor predisposição
 a desenvolver demência

Diabetes e obesidade afetam o metabolismo 
da glicose e geram resistência à insulina

 A limitação das calorias que consumimos 
podem ajudar a atrasar o envelhecimento

O cérebro é um órgão que, igual ao resto
de nosso corpo, envelhece com o passar dos anos

Publicado originalmente no site da BBC, e 01 de setembro de 2020

Como evitar que o cérebro envelheça rápido demais?

Por Inés Moreno González*

O cérebro é um órgão que, como o resto de nosso corpo, envelhece com o passar dos anos. Se todos queremos ser mais jovens, não é apenas porque não gostamos de rugas, mas também para evitar as inúmeras doenças relacionadas com o envelhecimento.

Estimativas apontam que no ano de 2050 quase 25% da população europeia terá mais de 65 anos, e o número de pessoas com mais de 80 anos vai triplicar até lá. Mas existe alguma "fonte da juventude" para o nosso cérebro? Ainda que possivelmente nada possa fazer o tempo voltar atrás, podemos tentar envelhecer de maneira saudável e reduzir o efeito do passar dos anos.

O que é envelhecimento?

O envelhecimento poderia ser definido como o conjunto de mudanças que ocorrem com a idade e provocam uma diminuição de nossas capacidades fisiológicas, motoras e cognitivas.

De um lado, é um processo gradual e inevitável e ocorre ao longo de nossas vidas. De outro, é desencadeado pelo acometimento por certas doenças ou abuso de substâncias, e pode ser prevenido.

A idade cronológica, que consta na certidão de nascimento, indica o tempo que transcorreu desde o nascimento. No entanto, existe também a idade fisiológica, que depende das condições de nosso organismo e pode ser menor do que a cronológica (se nos cuidamos) ou maior (se tivermos maus hábitos).

O envelhecimento do cérebro

Com a idade, o tamanho do cérebro diminui, perdemos neurônios e a produção de hormônios e neurotransmissores se altera. No entanto, a mudança mais importante é a perda de muitas conexões entre os neurônios, células de vida longa que não se dividem e, portanto, dificilmente se regeneram.

Outra consequência do envelhecimento cerebral é o acúmulo de proteínas na forma agregada que tendem a se depositar tanto dentro quanto fora dos neurônios. Isso pode desencadear o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas relacionadas à idade, com o Alzheimer ou o Parkinson.

É importante deixar claro que o que é comumente chamado de demência senil é um termo ultrapassado. O envelhecimento não implica necessariamente demência ou perda significativa de memória. Se houver perda significativa de memória e capacidade de aprendizagem, elas estariam relacionadas a uma doença específica, e não ao envelhecimento normal do cérebro.

Medidas para frear o envelhecimento

A alimentação é essencial para envelhecer de forma saudável. Em geral, a mais recomendada é a mediterrânea, que implica em baixo consumo de carne vermelha, um consumo médio de laticínios, uma quantidade moderada de álcool (vinho) e gordura (azeite de oliva), e uma alta ingestão de verduras, legumes, frutas, cereais e peixes.

Foi comprovado que a dieta mediterrânea está associada à redução do risco de perda cognitiva e doenças como o Alzheimer. Além disso, a restrição da quantidade de calorias que ingerimos pode ajudar a retardar o envelhecimento.

Além de cuidar do que comemos, é recomendável dormir 8 horas por dia. A manutenção de um bom ciclo de vigília-sonho é essencial para muitas funções cerebrais, a exemplo da eliminação de toxinas do cérebro que se acumulam durante o dia.

Enquanto dormimos, o espaço que existe entre os neurônios aumenta, facilitando sua limpeza e seu bom funcionamento. Dessa forma, manter um sono reparador favorece um envelhecimento mais saudável.

Praticar exercícios físicos com regularidade também é importante para diminuir os efeitos do envelhecimento. Estudos clínicos indicam que a atividade física com intensidade moderada tem um papel neuroprotetor, desacelerando a diminuição do volume cerebral e melhorando suas funções.

Mais especificamente, o exercício aeróbico melhora a função cognitiva, não apenas durante o envelhecimento mas também em pessoas que sofrem de doenças neurodegenerativas.

Por outro lado, foi comprovado também que as pessoas com nível educacional mais alto ou que mantêm uma certa atividade intelectual, como ler, estudar ou adquirir novas habilidades, têm uma menor predisposição a desenvolver demência. A base desta neuroproteção está associada a uma formação de novas conexões entre os neurônios.

Outros hábitos saudáveis também podem nos ajudar os efeitos do envelhecimento prematuro.

Não é preciso ir muito longe. Se um consumo elevado de álcool eleva o risco de falhas cognitivas, o consumo moderado de algumas bebidas alcoólicas pode ser benéfico para manter uma boa saúde mental. O vinho, por exemplo, é rico em polifenóis, que possuem ação anti-inflamatória e antioxidante.

Já o tabaco é um hábito a ser evitado, já que está associado com a aceleração do envelhecimento e o aparecimento de problemas cognitivos e demência.

Também não podemos nos esquecer dos fatores de risco ligados a doenças crônicas bastante comuns em idosos. A manutenção da atividade e da integridade do cérebro depende, em grande medida, dos vasos sanguíneos que mantêm uma boa irrigação. Hipertensão, aterosclerose e níveis elevados de colesterol aumentam as chances de desenvolver falhas cognitivas, derrame e demência.

Além disso, diabetes e obesidade afetam o metabolismo da glicose e geram resistência à insulina. Ambas as alterações podem causar danos crônicos aos neurônios e acelerar o envelhecimento do cérebro.

Os distúrbios do humor também não ajudam. A depressão é um distúrbio emocional muito comum em pessoas mais velhas e é causada por um desequilíbrio nos neurotransmissores, que são as moléculas que os neurônios usam para se comunicar. Isso pode se traduzir em mau funcionamento do cérebro a longo prazo, acelerando o envelhecimento do cérebro.

Resumindo, a chave para manter um cérebro jovem e saudável é a mesma que para o resto do corpo. Ou seja, você tem que manter uma alimentação saudável, dormir o suficiente, evitar o consumo excessivo de álcool, evitar o fumo e o estresse, praticar exercícios físicos moderadamente e evitar o desenvolvimento de outras doenças ou, pelo menos, mantê-las sob controle.

Texto e imagens reproduzidos do site: bbc.com

sábado, 8 de agosto de 2020

Que o teu alimento seja teu remédio

Dê preferência a alimentos saudáveis
Fotos: Pixabay

Publicado originalmente no site SÓ SERGIPE, em 10 de julho de 2020

Que o teu alimento seja teu remédio
Por Talita Costa *

Que o teu alimento seja teu remédio

Essa frase foi dita por Hipócrates, um médico grego, considerado o pai da Medicina. Isso mostra que desde a antiguidade, a alimentação é enfatizada como essencial para a promoção da saúde.

Para quem busca por qualidade de vida, este é um passo fundamental: alimentação equilibrada. Naquele tempo, as pessoas desconheciam os alimentos industrializados e já se referiam à qualidade do alimento como forma de ter boa saúde.

Muito do que é nossa qualidade de vida, se atribui ao que comemos. Se buscamos por alimentos saudáveis, maiores as chances de alcançarmos saúde plena.

Com a correria do dia a dia, é comum o descuido com a alimentação e o consumo excessivo de produtos industrializados. Pequenas mudanças na rotina, como reduzir o consumo de alimentos embutidos, refrigerantes, entre outros altamente ricos em aditivos, já faz uma importante diferença na promoção da saúde.

Um bom hábito que favorece essa mudança é a leitura dos rótulos dos alimentos industrializados. É importante saber o que está sendo ingerido.

Cada vez mais, está comprovado que na nutrição está a chave para a saúde física e mental.

Nesse sentido, a nutrição está inovando e vem ganhando espaço, equilibrando o funcionamento do corpo e conquistando resultados ainda melhores.

Que o teu alimento seja teu remédio!

* Talita Xavier Costa é nutricionista – CRN5 6605, pós-graduada em Gestão, Qualidade e Segurança em Alimentação, especialista em Auditoria em Alimentação e Nutrição e especialista em Alimentação Escolar.

Texto e imagem reproduzidos do site: sosergipe.com.br

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Primeiros sintomas do Coronavírus: Confira os sinais iniciais


Publicado originalmente no site DASA, em 11 de maio de 2020

Primeiros sintomas do Coronavírus: Confira os sinais iniciais

O número de infectados pela COVID-19 tem crescido tanto no Brasil quanto no mundo.  Por isso, devemos nos atentar aos primeiros sintomas do Coronavírus, uma vez que podem ser facilmente confundidos com outras doenças.

Primeiros sinais de que você está contaminado pelo SARS-COV-2

O período de incubação do SARS-COV-2 é de 2 a 14 dias, ou seja, esse é o tempo que os sintomas levam para aparecer a partir do momento do contágio. A manifestação dos sintomas de coronavírus ocorre no quinto dia para a maioria das pessoas.

Os primeiros sintomas de coronavírus são:  febre e tosse, geralmente seca. Dificuldade para respirar e fadiga também são conhecidos como sinais iniciais da doença em alguns pacientes.

No sétimo dia, é avaliada a evolução do quadro do paciente e, em 80% dos casos, há uma melhora dos sintomas. No entanto, se os sintomas se intensificarem, é preciso ficar atento, e o quadro passa a ser moderado. Nos casos graves, os sintomas passam a ser severos, e muitas vezes chegam a afetar mais de 50% do pulmão, o que ocasionará insuficiência respiratória e a necessidade do uso de ventilação mecânica em uma unidade de tratamento intensiva (UTI), de acordo com o infectologista Luis Fernando Aranha, da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.

Quais os principais sintomas do Coronavírus?

A febre alta, a tosse seca, a dificuldade para respirar e a fadiga são os principais sintomas da doença. Alguns pacientes também podem sentir dores no corpo, congestão nasal, inflamação na garganta ou diarreia.

A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que, caso apresente algum desses indicadores, a pessoa permaneça em isolamento social por 14 dias.

Se o paciente sentir falta de ar ou dificuldade para respirar, a recomendação é para procurar uma assistência médica imediata.

É preciso ter todos os sintomas do Coronavírus para ser diagnosticado?

Diante de uma lista de possíveis sintomas, não é necessário ter todos os indicadores para ser diagnosticado com a doença.

Estudos recentes nos mostram que é possível estar infectado sem apresentar quaisquer sintomas, o chamado Coronavírus assintomático.

Vale lembrar que o Ministério da Saúde declarou transmissão comunitária da COVID-19 em todo território nacional, pedindo a união de todos contra o vírus, uma vez que o risco de contaminação é muito alto e as medidas que promovem o distanciamento social são essenciais para a diminuição de casos.

Dor de garganta é sinal de que estou com Coronavírus?

Apesar de alguns pacientes infectados se queixarem de dor de garganta, esse não é um sintoma muito comum.

Geralmente esse indício estará atrelado a algum outro sintoma da COVID-19, como, por exemplo, febre, tosse e dificuldade para respirar.

Quais as diferenças entre os sintomas do Coronavírus e de um resfriado ou gripe comum?

Por se tratarem de doenças respiratórias, os sintomas são semelhantes.

A falta de ar é um indício importante para cogitar a contaminação pela COVID-19, pois não é um sintoma comum em gripes e resfriados. Outros sintomas também são mais comuns em uma doença do que na outra.

Texto e imagem reproduzidos do site: dasa.com.br

segunda-feira, 23 de março de 2020

Como evitar contágios apenas lavando as mãos

Retrato do médico húngaro, Ignaz Semmelweis.

Publicado originalmente no site do jornal EL PAÍS BRASIL, em 20 de março de 2020 

Ignaz Semmelweis, o médico que descobriu como evitar contágios apenas lavando as mãos

Pioneiro da antissepsia, o húngaro salvou a vida das parturientes desde meados do século XIX com esta medida de higiene sanitária simples, mas efetiva

Por Alberto López 

Passaram-se mais de 150 anos desde que Ignaz Semmelweis demonstrou que o fato de os médicos lavarem as mãos no hospital evitava a morte de parturientes. Atualmente, esse gesto, tão simples quanto cotidiano, ganha nas últimas semanas um valor incalculável por ser uma das soluções mais eficazes para evitar o contágio pelo vírus SARS-CoV-2, mais conhecido em todo mundo como o novo coronavírus (Covid-19).

Entretanto, apesar de sua grande descoberta e da sua lúcida cabeça, Semmelweis nunca foi levado muito a sério por seus colegas. Estes não lhe perdoaram por lançar um apelo para que as mulheres não parissem nos hospitais, pelo risco de morrerem de febre puerperal, também conhecida como febre das parturientes, por chamá-los de “assassinos” e por não saber explicar cientificamente as conclusões de seus estudos estatísticos para a redução da mortalidade. Talvez, o que no fundo não lhe perdoassem era a sua juventude, já que com apenas 30 anos pôs em xeque todo o sistema de saúde austríaco, além do seu caráter orgulhoso e agressivo.

Seu reconhecimento tardou anos a chegar, entre outras coisas porque morreu jovem, aos 47 anos, sozinho, deprimido e num manicômio ao qual o levaram de forma fraudulenta. Seu falecimento ocorreu, justamente, pela infecção febril pela que ele tanto combateu, causada por uma ferida, que não se sabe bem se foi feita por ele mesmo ou acidental. O que não se tem dúvida é de que o pesquisador húngaro foi o pioneiro da antissepsia sanitária, mais tarde transferida à cirurgia por Joseph Lister, e que abriu caminho para que Louis Pasteur elaborasse sua teoria dos germes.

Ignaz Philipp Semmelweis nasceu em Buda (parte oeste da atual Budapeste) em 1º de julho de 1818. Foi o quarto de 10 irmãos em uma próspera família de comerciantes. Seu pai se casou com a filha de um construtor de carruagens e tiveram um frutífero negócio de venda por atacado. Construíram um armazém que se tornou a sede da companhia e também o domicílio do casal Semmelweis, onde atualmente funciona o Museu Semmelweis de História da Medicina.

A educação do pequeno Ignaz foi tanto em húngaro como em alemão, embora nunca tenha dominado este último idioma. Ao concluir o ensino obrigatório, começou a estudar Direito, mas, após presenciar uma autópsia, mudou para Medicina e se formou em 1844, obtendo em 1846 a especialização em obstetrícia. Naquela época, o Hospital Geral de Viena era o maior e mais famoso do mundo, com duas clínicas de obstetrícia, uma para ensinar aos estudantes de Medicina e a outra para formar parteiras.

Em 20 de março, de 1846, Ignaz Semmelweis foi nomeado assistente do diretor e chefe de Residentes na Clínica de Maternidade do Hospital Geral de Viena. Propôs-se a investigar e dar solução ao que outros simplesmente assumiam como normal, em um mundo onde ainda não se falava em germes: as mortes por febre puerperal. Era uma grave doença que afetava as mulheres durante o parto, causando o óbito de até 700 mulheres internadas para partos por ano.

A teoria da época atribuía a alta mortalidade aos ares nocivos, por isso foram feitos numerosos buracos nas paredes e nas portas dos hospitais, conhecidos como “casas da morte”, para melhorar a ventilação, mas tudo foi em vão. Entre outras razões, porque as condições de higiene desaconselhavam até ir a um hospital: as salas de cirurgia eram tão sujas como os cirurgiões que nelas trabalhavam. No meio da sala costumava haver uma mesa de madeira manchada com restos de intervenções anteriores, enquanto o piso estava coberto de serragem para absorver o sangue, e os doentes ficavam em camas cheias de todo tipo de insetos, por causa da umidade de seus próprios fluidos.

As pessoas com maior risco no hospital eram as grávidas, particularmente as que sofriam fissuras vaginais durante o parto, pois as feridas abertas eram o hábitat ideal para as bactérias que médicos e cirurgiões levavam de um lado para o outro. As pacientes sofriam calafrios, dores de cabeça, congestão ocular, convulsões, delírios e, em questão de dias, faleciam.

Os médicos atribuíam isso ao frio, à umidade, à aglomeração nas salas de maternidade e à ansiedade das parturientes, mas a primeira coisa que Semmelweis observou foi uma diferença notável entre as duas salas obstétricas do Hospital Geral de Viena, cujas instalações eram idênticas. A que era fiscalizada pelos estudantes de Medicina tinha uma taxa de mortalidade três vezes mais alta que a das parteiras.

Embora ninguém fosse capaz de desvendar o mistério, a ordem de um diretor anterior do hospital havia sido decisiva: quis modernizar alguns costumes médicos, o que incluía que os alunos de obstetrícia deixassem de aprender anatomia com manequins e passassem a fazê-lo dissecando cadáveres.

O grande mérito do Ignaz Semmelweis foi começar a tomar notas e a reunir dados estatísticos de ambas as salas. O evidente, e o não tão evidente, veio à tona: muitas mulheres contraíam a febre antes de parirem, a infecção sempre surgia no útero e, o mais importante, os alunos que examinavam as pacientes saíam de suas práticas de anatomia com cadáveres sem lavarem as mãos, e nessas condições examinavam as mulheres.

As parteiras que trabalhavam na segunda sala do hospital, entretanto, não realizavam estudos forenses, por isso Semmelweis imaginou que talvez aqueles estudantes transportassem em seus dedos a infecção da sala de anatomia para as futuras mães, e propôs palavras simples: lavar as mãos.

Sua teoria não agradou em nada a direção do hospital e os seus colegas médicos, que se sentiram culpados e diretamente acusados por centenas de mortes. Assim, após discutir com o diretor, em outubro de 1846, Semmelweis foi destituído do seu cargo.

Um ano depois, Ignaz Semmelweis soube que um professor amigo havia morrido depois de sofrer um corte acidental durante uma autópsia. Ele descobriu que os sintomas que sofrera antes de morrer eram os mesmos das mulheres no hospital, e foi assim que encontrou as evidências necessárias para seu espírito metódico. “A sepse e a febre puerperal devem ter a mesma origem. Os dedos e as mãos de estudantes e médicos, sujos por dissecações recentes, transportam venenos mortais dos cadáveres para os órgãos genitais das mulheres em trabalho de parto ", observou.

Graças à sua perseverança, Semmelweis conseguiu retornar ao hospital vienense, onde começou a corroborar suas hipóteses, e foi assim que a terrível sangria de vidas causada pela febre puerperal foi drasticamente reduzida com uma simples lavagem das mãos.

Ele mesmo preparou uma solução de cloreto e ordenou que os alunos lavassem as mãos com ela. Quando Ignaz Semmelweis compreendeu que as infecções também podiam ser passadas adiante após o exame de pacientes vivas, ele reforçou as medidas de higiene e o número de mortes desabou ainda mais.

No entanto, a maioria de seus colegas e os próprios alunos rejeitaram sua eficiente ‘receita’ porque não se baseava em uma explicação científica e, dois anos depois, em 1849, ferido por seu orgulho, Semmelweis perdeu de novo o emprego em Viena.

Depois de trabalhar como médico particular na Hungria e lecionar em uma universidade, o médico publicou em 1861 uma obra em que expôs suas teorias, e mergulhou em uma profunda depressão. Sua personalidade não o ajudou a lidar com a situação, já que durante esse período também escreveu panfletos incendiários nos quais acusava os colegas que o ignoravam, chamando-os abertamente de "assassinos".

Ele acabou sendo internado em um hospício depois de perambular pela rua com aparência desleixada e gritando. Foi sua mulher quem o levou ao manicômio vienense, enganando-o, com a desculpa de visitar um amigo em sua casa. Tão logo chegou, três médicos, nenhum dos quais era psiquiatra, aprovaram seu confinamento involuntário, colocaram-no em uma camisa de força e o trancaram em uma cela escura, onde era espancado por sua teimosia. Quando morreu, a imprensa médica apenas relatou sua morte, e não houve obituários reconhecendo suas realizações.

Faleceu em 13 de agosto de 1865, aos 47 anos. Várias teorias circulam sobre sua morte. A mais difundida é que, num acesso de loucura, ele se cortou e a ferida produziu a temida febre contra a qual lutou ao longo de sua carreira. Outra, no entanto, sustenta que esta lesão foi acidental.

Na estátua que o homenageia em Viena, é reverenciado como “o salvador das mães”, assim como em frente à fachada do Hospital de Budapeste, onde desponta uma grande escultura com a inscrição “Semmelweis” e no pedestal, entre anjos, uma mãe de pedra segura um bebê e o amamenta. A mulher olha para o topo do pedestal, onde está um homem de barba, capa de gabardine e com vários cadernos de anotações embaixo do braço.

A receita de Ignaz Semmelweis de lavar as mãos salvou inúmeras vidas desde então, embora ele não tenha conseguido dar uma explicação científica para o motivo das mortes. Hoje, o conceito de febre puerperal não é aceito como categoria diagnóstica e é mais comum identificar os órgãos e tecidos afetados pela infecção, por exemplo, endometrite ou peritonite, mas a lavagem das mãos voltou a se tornar o meio mais seguro nas últimas semanas de se sentir a salvo do contágio.

Texto e imagem reproduzidos do site: brasil.elpais.com